sábado, 9 de maio de 2020

REGRESSO ÀS MISSAS

Regresso às missas. Igrejas com capacidade limitada e “distância mínima de segurança”
Saiba aqui como vai ser o regresso ao culto público católico.

Já há orientações para o retomar, a 30 de Maio, das celebração comunitárias das eucaristias e restantes sacramentos. As normas da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), divulgadas hoje, incluem uma limitação do número de fiéis “de acordo com a dimensão” das igrejas, distanciamento entre pessoas e muitas outras regras detalhadas.
No documento de nove páginas, os bispos portugueses detalham as várias medidas de protecção, começando por convidar aqueles que não podem frequentar a igreja “à leitura orante da Palavra de Deus e à oração em suas casas”. Os bispos pedem também “aos fiéis que estão ou se sentem doentes” que não vão à missa e convidam todos os que pertencem a grupos de risco “a não frequentar a Missa dominical” e sim durante a semana, “em que há menos fiéis”.
Como forma de compensação de limitação do acesso às eucaristias nos casos em que os sacerdotes já a celebram o máximo de vezes que lhes é permitido, os bispos deixam a hipótese de oferta de celebrações “na ausência de presbítero” com distribuição de comunhão.
A Conferência Episcopal deixa ainda a sugestão: “para evitar que alguns fiéis sejam mandados embora ao chegar a uma igreja com a lotação já preenchida”, será possível recorrer à reserva e numeração dos lugares na igreja ou privilegiar-se, de forma rotativa, o acesso à igreja consoante “os diferentes lugares, povoações ou arruamentos de cada paróquia”.
Para além da afixação de cartazes a lembrar as regras de higiene e de distanciamento “em sítios bem visíveis”, a CEP determina a organização de “equipas de acolhimento e ordem” em cada paróquia para auxiliar os fiéis no cumprimento das normas de protecção. As pias de água benta vão continuar vazias.
Eucaristia com novas regras – antes, durante e depois
São várias as regras a cumprir ainda antes do início da eucaristia. As igrejas devem ter agora portas diferentes para a entrada e saída de pessoas assim como percursos sinalizados de sentido único “de modo a evitar que as pessoas se cruzem”. 
À entrada, as portas devem estar abertas para evitar tocar nos puxadores ou maçanetas. Os fiéis devem limpar aí as mãos com um produto desinfectante que deve ser colocado à disposição e o cumprimento desta regra será verificado pelas pessoas a quem a paróquia confiar esta tarefa. O uso de máscara é obrigatório.
Dentro da igreja deve ainda ser observada uma “distância mínima de segurança” de forma a que cada pessoa tenha para si “um espaço mínimo de 4m2”, “barrando” o acesso a alguns bancos ou alternando as filas ou então através da marcação dos lugares “com cores ou outra sinalética”. Esta regra não se aplica, no entanto, a pessoas que vivam na mesma casa.
Os bispos portugueses sugerem ainda que, “sempre que a meteorologia o permita e haja espaços adequados”, se faça um “uso generoso” da possibilidade de celebrar ao ar livre, dando-se, nessas situações, prioridade às pessoas mais velhas nos lugares sentados.
A celebração das eucaristias pode desenrolar-se com “o número de acólitos adequado ao espaço existente no presbitério” para que as regras de distanciamento sejam cumpridas. A lógica é a mesma para a “dinamização musical” das eucaristias, que deve ser feita por “um número adequado de cantores, acompanhados de algum instrumento, de preferência o órgão”. 
Os sacristãos, acólitos e outros colaboradores deverão estar equipados com máscaras e luvas descartáveis para manusear e limpar os utensílios litúrgicos. Os vasos sagrados e as oferendas não devem ser tocados por ninguém além do sacerdote e do diácono. Estes devem também desinfectar as mãos antes do ofertório e os ministros extraordinários da comunhão devem fazê-lo antes de a distribuir – algo que só podem fazer com o uso de máscara.
O momento da comunhão está ainda rodeado de outras regras: o cálice e a patena apenas devem ser destapados quando o celebrante pega neles para a consagração e as píxides devem manter-se fechadas. Já os fiéis devem, na procissão para a comunhão, continuar a respeitar o distanciamento aconselhado e à higienização das mãos.
Ainda na comunhão, é de notar que o diálogo individual – “Corpo de Cristo” seguido da resposta “Amen” – será pronunciado de forma colectiva logo a seguir à resposta “Senhor, eu não sou digno…”.
O gesto da paz – que é facultativo, lembram os bispos – mantém-se suspenso. Durante a missa também não deve ser distribuído qualquer “objecto ou papel” e os cestos para a recolha da colecta serão apresentados apenas à saída da igreja pela “equipa de ordem e acolhimento”.
No final, a mesma equipa deve abrir as portas de saída e os fiéis devem sair de forma ordeira – começando por quem está mais perto das portas de saída – e não se concentrar diante da igreja. As portas devem ficar abertas durante “pelo menos 30 minutos” após a missa e os “pontos de contacto” – vasos sagrados, livros litúrgicos, objectos, bancos, puxadores e maçanetas e instalações sanitárias – devem ser desinfectados.
Sacramentos têm orientações específicas para cumprir
As igrejas podem ficar abertas durante o dia para visitas individuais e todas as celebrações e sacramentos estão condicionados “ao escrupuloso cumprimento” das normas de higiene, distanciamento e “outras formas de protecção” prescritas pelas autoridades de saúde.
Para o sacramento da reconciliação, “para além das medidas gerais” como uso de máscara e desinfecção das mãos e superfícies, cada paróquia deve escolher “um espaço amplo que permita manter o distanciamento sem comprometer a confidencialidade e o inviolável sigilo sacramental”.
As celebrações de casamentos têm que cumprir as mesmas regras que a eucaristia dominical, assinalando-se que as alianças só devem ser tocadas pelos noivos. No caso das primeiras comunhões, a CEP declara que, no caso das crianças estarem preparadas e de esse ser o desejo dos pais, pode-se, em acordo com o pároco, celebrar a primeira comunhão “particularmente ou em pequeno número” numa missa dominical. Isto não põe de parte, no entanto, “uma posterior participação numa celebração mais solene”, quando terminada a actual emergência de saúde pública.
No caso do sacramento da confirmação – vulgo, crisma – os bispos devem ponderar a possibilidade de adiar a celebração. No caso de se celebrar, a máscara deve ser usada por ministro, crismandos e padrinhos no momento da crismação – no qual, no caso de serem vários crismandos, se deve usar algodão embebido do Santo Crisma e o ministro deve ter cuidado para não tocar na testa do crismando. No fim, o algodão será incinerado. Já os padrinhos e madrinhas devem evitar tocar no ombro do afilhado ou afilhada quando dizem o nome ao bispo.
O mesmo método do algodão deve ser usado para a unção dos enfermos, no qual se deve evitar, mais uma vez, o contacto físico, e as indicações de protecção das autoridades de saúde devem ser cumpridas.
Aos funerais aplicam-se os mesmos critérios e limitações da missa dominical, sendo que a liturgia exequial deve ser celebrada na igreja “e/ou” no cemitério. Existem também regras específicas para o baptismo e para a iniciação cristã de adultos. Esse também é o caso das ordenações, onde impera evitar o contacto físico e a higienização.
Formações e catequese vão continuar a ser realizadas “apenas por meios telemáticos” até ao final do actual ano pastoral, aplicando-se a elas as mesmas restrições e condicionamentos do retomar das actividades lectivas nas escolas. Peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras actividades em grandes grupos “continuam suspensas até novas orientações”.

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